Ano 2062, Lisboa, erigida a sede do Governo Central dos Estados Unidos da Europa. Raul Veloso é um bem-sucedido escritor, ao serviço do Estado europeu.
“Nada mais conhecia mas desconfiava... Era, naturalmente, cético. Por isso vivia uma vida secreta, feita de outras histórias, histórias só minhas, nada de Estado, mas cuidadosamente guardadas a sete chaves para evitar problemas. (…) Por isso, por mais que soubesse que o humanismo e a civilização constituíam uma ciosa herança europeia e que o resto do planeta mergulhara no caos e que Lisboa nos protegia do contacto com esse mesmo caos, (…) sonhava com o mundo. (…) transpunha a minha curiosidade e o mundo imaginado para histórias marginais, livres e escondidas de todos os olhares.”
O Rodopio do Escorpião é um romance enorme, uma obra quase visionária, e certamente interpelativa, que nos coloca perante as linhas que já hoje nos tecem o futuro, um amanhã nada radioso, diferente daquele que nos prometeram aquando da nossa entrada para a então CEE, hoje União Europeia. Trata-se de um poderoso alerta para a possibilidade de as democracias se tornarem totalitárias, mostrando-nos como poderão desenvolver-se as tramas de uma eventual ditadura europeia, hipocritamente sustentadas nos falsos argumentos do humanismo, do interesse dos mercados, do país, etc.
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